O jogador mais leal do mundo — Por Jorginho

Igreja Batista do Morumbi
6 min readNov 22, 2022

Um dos jogadores mais truculentos do Flamengo e recordista de car­tões vermelhos, Jorginho passou por uma transformação de vida tão grande que foi premiado pela Fifa com o troféu Fair Play.

Por: Jorginho, lateral da seleção brasileira na Copa de 1994

Não podíamos perder de jeito nenhum. A derrota deixaria o Brasil fora da Olimpíadas de 1988. A Colômbia vencia por 1 a O e, aos dezesseis minutos do segundo, já estávamos todos exaustos por causa da altitude de três mil metros em La Paz.

Quando o Bebeto lançou aquela bola longa nas costas do zagueiro deles, sinceramente, eu não tinha mais gás para chegar nela, mas parti para a bola, clamando: “Me ajuda, Senhor!”

Eu ouvia falar do Senhor havia muito tempo, mas não tinha a mínima ideia de como era ser um cristão. Meu irmão, um alcoólatra inveterado, teve uni encontro com Cristo e a mudança na sua vida foi tão marcante que me deixou impressionado, mas eu achava que ser cristão não era para mim. Como eu iria largar as garotas e todas as coisas boas do mundo?

Decidi então que, depois de casado, iria ser “crente”, mas apesar de ter em minhas mãos todas as coisas boas do mundo, eu tinha uma grande falta de paz e de satisfação que se refletiam em meu comportamento no futebol.

Em 1985, fui expulso de campo várias vezes e tomei inúmeros cartões ama­relos. Sofri tantas contusões, que acabei me convencendo que só podiam ter feito um despacho contra mim. Apavorado, comecei a buscar a solução nos lugares errados e fui ficando cada vez mais enrolado.

Para completar a encrenca, eu não conseguia ter um bom relacionamento com a Cristina, minha noiva, apesar de a gente se gostar muito.”

Uma pergunta difícil de engolir

“Meu irmão começou a insistir comigo que só Jesus poderia mudar a minha vida. Prometi a ele que aceitaria a Cristo no dia do meu aniversário.

Combinamos uma grande festa para comemorar o aniversário junto com a família. No meio dos preparativos, meu irmão saiu com a seguinte pergunta:

— E se Cristo voltar no dia anterior ao seu aniversário, como é que você fica?

Essa pergunta passou a me perseguir e, daí em diante, só tive sossego no dia em que entreguei minha vida a Cristo. Foi o lance mais importante da minha vida: uma mudança de dentro para fora, uma paz total, uma alegria, uma segurança, uma tranquilidade, algo diferente de tudo que eu já havia experimentado.

Desde maio de 1986, quando fui batizado junto com a Cristina, nunca mais fui expulso de campo, raramente tomo cartão amarelo, não tive mais problemas sérios com contusões e a Cristina e eu passamos a nos amar profundamente.

Deus foi muito bom para mim: fui convocado para a Seleção Brasileira de última hora, mas na condição de titular. Cheguei à Bolívia depois que todos já estavam lá havia quase um mês e encontrei um grupo unido e brincalhão. Eles me receberam dizendo: “Alô, irmão!” E mexeram muito comigo por eu ser cristão.

Davi e Golias

“Logo que eu encontrei o Teotônio, nosso massagista, me senti em casa: ele me deu a maior força e, juntos, começamos a falar de Cristo para meus colegas.

Tivemos oportunidade de testemunhar para o Nelsinho, o Bernardo, o Mirandinha e o Bebeto, meu colega do Flamengo. A princípio eles ficaram um pouco desconfiados, mas no fim prestavam muita atenção.

Mas, nem tudo foi um mar de rosas na Bolívia, especialmente depois das derrotas e empates. Um jornalista disse que precisava tomar remédio para aguentar um time tão ruim! A imprensa, de um modo geral, queria pôr lenha na fogueira. Só não torciam contra a gente porque quanto mais tempo ficassem por lá, mais grana eles faturariam. Mas nos criticaram muito.

A pressão sobre todos nós foi muito grande. Um dia, quando estava me sen­tindo fraco, pedi a Deus uma palavra. Abri minha Bíblia em 1 Samuel e dez de cara com a história de Davi e Golias, que eu nunca tinha lido. Fiquei encantado e compartilhei com o Bebeto, Maurício e Denilson. Disse para eles que, se não duvidassem, venceríamos o Pré-Olímpico assim como o menino Davi venceu o gigante Golias. Eles acreditaram e, daí em diante, eu tive a certeza de que seríamos campeões.

Fôlego divino

“Só que para sermos campeões, dependíamos de que eu alcançasse aquela bola lançada pelo Bebeto, quando perdíamos da Colômbia e estávamos todos “um bagaço”.

Graças a Deus, eu alcancei a bola com um fôlego sobrenatural e fiz o gol que iniciou nossa virada rumo à vitória. Depois do jogo, o técnico Carlos Alberto Silva disse numa preleção:

— Isso que o Jorginho falou sobre Golias é muito importante! — ele citou também um texto de Paulo, que está em 2 Coríntios 2: 10 — “Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.” — e concluiu dizendo — Tenho a certeza de que Deus tem algo bom para nós!

E tinha mesmo, pois vencemos a Bolívia e nos tornamos campeões do Tor­neio Pré-Olímpico de Futebol, garantindo a participação do Brasil nas Olim­píadas de 1988.

Foi uma vitória que os críticos consideravam impossível. Mas o que eles não sabiam é que “Tudo é possível àquele que crê.” (Marcos 9:23 — NVI)!

A caminho das Olimpíadas

Desde que foi convocada, a Seleção Brasileira viveu momentos de grande intensidade, com muitos jogos, treinos e viagens na fase de pre­paração para as Olimpíadas.

Jorginho ganhou a companhia do zagueiro Batista, do Atlético Mi­neiro e, junto com o Teotônio, estavam sempre orando e convidando outros colegas para suas reuniões.

“Começamos com cinco jogadores e o número foi aumentando. Às vésperas da decisão do Torneio Bicentenário da Austrália o time todo estava presente em nossa reunião. Muitos se sentiram tocados, outros vinham com dúvidas e pediam esclarecimentos. Então, entrávamos com a Palavra de Deus. Três deles não perderam uma só reunião e olha que tínhamos reunião todos os dias!

Para os torcedores, “atacamos” como dupla musical, com o Batista tocando violão, cantando uma tradução de ‘Eu quero ser um vaso novo’ em inglês. Os repórteres ficaram tão impressionados que voltaram outro dia pedindo para falarmos mais sobre Jesus.”

O ouro não veio

“Queríamos muito a medalha de ouro nas Olimpíadas, batalhamos por ela, suamos a camisa para valer, mas perdemos para a Rússia na partida final. Mes­mo assim, conquistamos a medalha de prata, o que também é uma grande conquista. O que nos ajudou a consolar a turma foi a palavra que o Alex Ribeiro trouxe para o nosso grupinho, sobre a coroa (medalha) incorruptível que Deus para nós. O texto de 1 Coríntios 9:24 realmente foi confortante naqueles momentos, após o encerramento da partida.

Fiquei muito impressionado com a expansão do Evangelho na Coreia e com a disposição que o povo tinha para buscar a Deus. Um dia, visitamos a ‘Monta­nha de Oração’ e soubemos de muitas histórias edificantes, verdadeiras vitórias obtidas por meio da oração, como a de um senhor que estava com câncer e orou durante nove meses, orando. Ele foi totalmente curado! Com exemplos como esses, pude ver como Deus realmente nos ama e responde às nossas preces.”

O jogador mais leal do mundo

Daí em diante, o nome de Jorginho esteve presente em quase todas as listas de convocações para a Seleção Brasileira. Ele chegou a ser o capitão do time nas eliminatórias da Copa de 1990.

O Flamengo vendeu seu passe ao Bayern de Leverkusen, na Alemanha, onde Jorginho jogou durante três anos sem tomar nenhum cartão vermelho. Antes de Cristo entrar em sua vida, Jorginho confessa que era um dos jogadores mais violentos do Flamengo e perdeu a conta das expulsões que sofreu.

Sua atuação em campo e seu testemunho foram tão impecáveis que a Federação Internacional de Futebol (FIFA) lhe concedeu o troféu Fair Play, por comportamento exemplar, como o jogador mais leal do mun­do. Segundo os princípios cristãos, esse foi o prêmio mais importante já recebido por um atleta de Cristo, porque Jorginho estava refletindo a imagem de Cristo em sua maneira de jogar bola.

Contra os frutos não há argumentos…

FICHA TÉCNICA

Nome completo: Jorge de Amorim Campos.

Local e data de nascimento: Rio de Janeiro (RJ), em 17/08/1964.

Estado civil: Casado.

Esposa: Maria Cristina Aguiar Campos.

Filhos: Laryssa, Vanessa e Daniel.

Livro favorito: A Bíblia e “Este Mundo Tenebroso”, de Frank Perece (Ed. Vida).

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